Já lá vão oito anos que o Alfândega abriu portas ali junto à Praça do Comércio, na rua com o mesmo nome. Estive lá, no seu primeiro ano de vida, numa altura que a cidade começava a modernizar-se, muito impulsionada pelo aumento do fluxo turístico resultante das operações das companhias aéreas low cost, que cada vez voavam mais para Lisboa.
Vivia-se um grande boom na sofisticação da restauração de Lisboa, com muitos espaços a abrir e a transformar a oferta gastronómica mais moderna e arrojada. Mas claro, como sempre nestas ocasiões, muitas dessas propostas foram ficando pelo caminho, enquanto que o Alfandega, apesar de nos dias que correm ir estando um pouco mais afastado dos focos dos hipsters, ainda por cá anda. E a julgar pela vitalidade que tem mostrado nestes últimos tempos, andará por muito mais tempo.
As Wine Battle foram o mote para, ao fim deste anos, voltar a este espaço. Esta é apenas uma das faces dos vários jantares temáticos idealizados pela equipa do Alfandega, que perante as adversidades dos tempos que vivemos, arregaça as mangas e põe a imaginação a trabalhar em vez de chorar a carga de impostos. Estes confrontos vínicos consistem em colocar frente a frente dois vinhos da cada produtor (um branco e um tinto) que são servidos às cegas num jantar de quatro pratos, para no final, os manducantes - esta roubei ao José Quitério (vénia) - presentes escolherem o seu preferido que será eleito o vinho do mês seguinte no restaurante.
Mais importante que ganhar ou perder, pareceu-me, é a boa disposição que se gera e as muitas conversas à volta dos vinhos que vão chegando aos copos, em que às vezes até os próprios produtores ficam na dúvida qual é o seu. Uma forma simples e alegre de colocar não entendidos a pensar o vinho, resultando daí sempre conversas e pontos de vista muito interessantes. Uma ideia muito bem conseguida, que agrada a todos, sejam mais ou menos conhecedores. Eu gostei.
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