Nos últimos anos o mundo do vinho tem sofrido uma grande transformação em Portugal. Situação a que não tem sido alheio o aparecimento de novos públicos, cada vez mais jovens, mais descontraídos, mas igualmente conhecedores, indo em contraponto ao tradicionalismo e elitismo a que o consumo de (bom) vinho estava associado. Ao perceberem isso os produtores foram obrigados a mudar as suas estratégias de comunicação e imagem, recorrendo a agências especializadas. Hoje em dia o design assume um papel importantíssimo no mundo do vinho, e isso reflecte-se nas adegas, nas quintas e nas salas de prova, cada vez com linhas mais modernas e elegantes. Mas também os bares de vinho, garrafeiras, restaurantes, hotéis, têm tido um papel importante nesse desígnio. Ganha o consumidor.
Mas são as garrafas e respectivos rótulos o cartão de visita de um vinho, é com esses que o consumidor primeiro se depara, e para muitos públicos esse chega a ser o factor principal para a sua escolha. A esse nível os produtores nacionais também se podem orgulhar de estar a trilhar um caminho de sucesso, com o aparecimento de cada vez mais marcas a apresentarem um design limpo e cuidado nas suas garrafas.
Lá por fora vão-se fazendo coisas destas, discutíveis como imagem de vinho, mas impactantes o suficiente para no meio de centenas de prateleiras, com milhares de garrafas, fazerem o consumidor olhar, parar, e tocar... Muitos acabam por comprar.
Na imagem, os
devaneios vínicos do hollywoodescamente aclamado designer de moda (e não só), Christian Audigier.
O Icewine da Nachtgold, Engraçado o pormenor da lua, a evocar a víndima nocturna de uvas congeladas.
Estas fotos foram tiradas numa grande superfície comercial da cidade de Zurique, onde existia uma secção de vinhos de todo o mundo, dividida por países e por regiões, com milhares de marcas representadas. Portugal aparecia na última prateleira da secção espanhola com um único vinho. Mateus Rosé. Até a Macedónia tinha uma prateleira com cerca de dez vinhos.
Mais tarde, ao passear pelo centro histórico da cidade, deparei-me com uma garrafeira/loja gourmet que tinha além do Mateus Rosé (sempre presente), o Fabelhaft da Nieport, e o Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa. E ficou por aí a aparição vínica portuguesa numa cidade que possui um dos maiores poderes de compra do mundo. Já dei voltas à cabeça a tentar perceber porque os nossos vinhos não chegam à Suiça (não estamos a falar do fim do mundo), mas ainda não consegui.
N.R. - a foto das garrafas de Esporão foi pedida emprestada ao
site da Maria João de Almeida.